segunda-feira, 29 de junho de 2009

A reação brasileira


A vitória que deu o título da Copa das Confederações à seleção brasileira não foi simplesmente uma demonstração de poder de reação do Brasil. Sim, foi uma virada espetacular contra os EUA. Após terminar o primeiro tempo perdendo por 2 a 0, e jogando mal, a equipe voltou para o segundo tempo com uma atitude totalmente diferente. Partiu para cima, criou as oportunidades e marcou os três gols que lhe deram o título. Mas a principal virada não é essa, que aconteceu na final, mas sim a que se consolidou durante o torneio, e vem acontecendo há algum tempo. Um longo caminho de dois anos e meio.

Quando Dunga começou como técnico da seleção, muitas dúvidas foram levantadas com relação ao seu trabalho. E com razão. Ele nunca havia trabalhado como treinador, e seu primeiro trabalho é logo na principal equipe do mundo. E, sejamos claros, seu começo não foi nada animador. Convocações bastante questionáveis e um time sem padrão nenhum, que dependia da sorte e de um bom dia de algum jogador. Não dá para esquecer que Afonso, Carlinhos (lateral reserva do Santos), Morais e Richarlyson, entre outros, foram convocados sem merecerem.

A seleção não demonstrava grandes avanços e muito se falava sobre a condição de Dunga em seu cargo. Ele seria apenas um tapa buraco, uma espera para a volta de Felipão, depois da Eurocopa 2008, ou a preparação de terreno para que Muricy Ramalho, ou Vanderlei Luxemburgo, assumissem antes da Copa. É possível que Ricardo Teixeira possa ter pensado em tais planos quando contratou Dunga, em uma clara maneira de mostrar mudanças radicais aos torcedores, revoltados com a campanha de Parreira em 2006. Fato é que as vitórias foram segurando Dunga com técnico.

O título da Copa América deu ao treinador motivo para tripudiar em cima de seus críticos e sentir-se mais seguro na CBF. No entanto era difícil parar as críticas, pois a seleção jogou mal demais aquele torneio, passando com imensas dificuldades por adversários pífios. O único bom jogo do time foi na decisão, contra a eterna rival Argentina. Apesar de Dunga reclamar de perseguição por parte da imprensa, a verdade é que as críticas foram diminuindo ao mesmo passo em que a seleção demonstrava evolução.

O título da Copa das Confederações trouxe para o País mais do que a taça. Trouxe também a confiança de que a seleção brasileira encontrou seu jogo. Alguns podem torcer o nariz para o jogo de contra-ataques e velocidade do time, mas isso é questão de gosto, e não de debate sobre qualidade. A seleção agora tem padrão, tem consistência, é confiante. Seus principais jogadores finalmente se mostram confiantes para assumirem seus papéis de liderança dentro do grupo, o que melhora seus desempenhos individuais dentro de campo. O maior exemplo disso é Kaká.

O momento é sim de elogios, mas Dunga sabe que isso muda rapidamente. O Brasil ainda têm alguns problemas (e qual seleção não os tem?). Por aqui, só um título importa, o da Copa do Mundo. Outras conquistas são consideradas pequenas por torcedores e imprensa. Um pouco por típica arrogância brasileira quando o assunto é futebol, mas também por causa do tamanho da seleção brasileira. Vale lembrar que Parreira também foi campeão da Copa América e da Copa das Confederações antes do Mundial de 2006.


Crédito da foto: Paulo Whitaker/Reuters

2 comentários:

  1. Apesar de ainda descordar de muita coisa nessa seleção do dunga, espero que ele tenha coerência e mantenha um padrão no time, para que dessa vez, a seleção possa chegar à copa de 2010 com um time formado, e não com um acatado de "estrelas".

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  2. Um dos jogadores eu sempre critiquei, por achar que não era o melhor da posição. Hoje, tiro meu chapéu para ele: Júlio Cesar. Excelente goleiro que merece, atualmente a posição que ocupa.

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