sexta-feira, 31 de julho de 2009

O maior


Depois de ter se tornado o primeiro brasileiro a ser campeão olímpico, César Cielo conquistou outra marca. É o maior nadador da história do País.

Ao vencer a final dos 100m livres no mundial de esportes aquáticos, em Roma, quebrando recorde mundial, Cielo não se tornou apenas o nadador mais vencedor do Brasil. Ele se tornou um dos maiores ídolos do País.

Para este fato, há duas explicações. Uma feliz, outra uma constatação meio triste. A feliz diz respeito à qualidade de César. Sua técnica é impressionante, especialmente aliada a sua força física. Isso, ao ponto do mega campeão Michael Phelps dizer que, após ter assistido a prova de Cielo, teve certeza que não venceria, de maneira nenhuma, os 100m. Concentração não falta ao nadador brasileiro, que ainda tem muito pela frente. Vale lembrar que os 100m não são sua especialidade e sim, os 50m, que vêm aí.

A explicação mais triste diz respeito à situação do esporte brasileiro. Estamos acostumados com conquistas do futebol. De uns tempos para cá, também nos acostumamos com o brilhantismo de nosso vôlei. Mas como a lista de grandes estrelas de esportes individuais é pequena, ao menor sinal de conquista, elas são alçadas à alcunha de ídolos. Não dá para dizer que duas medalhas de ouro (uma no mundial e outra nas olimpíadas), além de uma de bronze em Pequim sejam pouca coisa. Mas quando comparamos essas conquistas com as de Michael Phelps, ou Ian Thorpe, não parece? De qualquer forma, isso não é culpa de Cielo. Acontece que ele é um fora de série, e não um fruto da natação brasileira.Os Correios patrocinam o esporte há quase 20 anos no Brasil, no entanto temos pouco para comemorar. Praticamente, apenas César. Há algo de errado na natação brasileira, e não um sinal de crescimento. Essa observação é de Ricardo Prado, o único brasileiro, antes de César, a ser campeão mundial, há 27 anos atrás.

Mesmo com o dinheiro da estatal, Cielo só é o que é, por causa de sua família, que tinha condições de bancar o sonho do filho de ser atleta. Ele teve que ir treinar na Universidade de Auburn, nos EUA, para desenvolver seu talento, no momento em que ele precisava ser desenvolvido. Por aqui, o cara precisa primeiro ganhar, para depois ser incentivado.

Vamos deixar uma coisa bem clara. Independente da situação do esporte brasileiro, ou das conquistas de outros grandes esportistas, César Cielo merece ser ídolo, e é sim o maior nadador da história do País. Isso, porque Cielo conquistou muito, apesar do Brasil. Quer
dizer, apesar de o país não possuir nenhuma espécie de política esportiva.

Ave César. Viva Cielo. Ele fez história.

Crédito da foto: EFE

quinta-feira, 16 de julho de 2009

The inportance of being vice


Na canção The Inportance of Being Idle, Noel Gallagher, do Oasis, canta sobre a importância de ser vadio. Não ter dinheiro, não trabalhar duro, pode não ser algo ruim. As pessoas podem se recusar a se encaixar nesse sistema de viver para trabalhar e contribuir com o enorme caixa da sociedade. Por que não utilizar o tempo ocioso para refletir, criar, imaginar possibilidades de haver uma sociedade melhor, enfim, ser uma pessoa melhor?

No caso do Cruzeiro (e isso vale, na verdade, para qualquer equipe esportiva brasileira), por que não se sentir feliz com o segundo lugar na Copa Libertadores da América? Afinal, aquele comentário de que o segundo é o primeiro dos últimos não passa de um pensamento mesquinho, arrogante e idiota.

De 32 times que avançaram para a fase de grupos do mais importante torneio das américas, apenas dois chegaram a grande final. O Cruzeiro foi um deles. E a raposa não chegava a uma decisão de Libertadores desde 1997, quando foi campeã. O vencedor dessa vez, foi o Estudiantes, merecidamente. Mas isso não apaga (não pode apagar) a ótima campanha feita pelo time mineiro nesta edição do campeonato. Não apaga o fato de que este Cruzeiro é um grande time, que revelou bons jogadores e firmou Adilson Batista como um treinador de primeira linha.

O problema é que no Brasil, essas derrotas em finais, normalmente significam catástrofes. O clube derrotado baixa a cabeça, sai dos trilhos e realiza péssima campanha no Campeonato Brasileiro pelo resto do ano. Sem razão. O vice-campeonato, a segunda posição, a medalha de prata têm grande valor. E o Cruzeiro, e todas as equipes brasileiras, precisam aprender sobre a importancia de ser vice.


Crédito da foto: Reuters

Eles não são vilões


Arrogantes, catimbeiros e maldosos. É por isso que os argentinos ganham as decisões contra os brasileiros. Com todo respeito, isso é conversa de Globo e Sportv, que sempre transformam os adversários estrangeiros em grandes vilões. Os times brasileiros são sempre os mocinhos, os melhores, que são derrotados por causa de artimanhas maléficas arquitetadas pelo time malvado. Isso, chama-se patriotada, nacionalismo, e é uma maneira pobre de se analisar a realidade de um jogo.

Em 12 finais disputadas entre brasileiros e argentinos, o Brasil-sil-sil ganhou apenas três. A última delas em 1992, quando o São Paulo de Telê Santana venceu o Newel´s Old Boys nos pênaltis. Será que o mal prevalece tanto assim? E não são só os argentinos. Não nos esqueçamos do ano passado, quando o Fluminense, dos confiantíssimos Renato Gaúcho e Thiago Neves, foi derrotado pela LDU, do Equador.

A verdade é que grande parte da torcida e da imprensa brasileira tem a mania irritante de achar que a catimba de lá é sempre pior. Que a tradição de cá é sempre maior. E que os que jogam por aqui são sempre melhores. Vamos analisar: Na finalíssima da Libertadores, Kleber tentou cavar faltas e cartões desde o primeiro minuto do jogo. Welinton Paulista tentou cavar pênalti pelo menos três vezes. Isso também não é catimba? Jogador brasileiro adora se jogar e simular contusões. Será que isso não é maldade?

O Estudiantes venceu a Libertadores no campo, jogando melhor, demonstrando maior controle e reagindo bem nos momentos difíceis da partida. Assim como o Boca venceu o Santos e o Grêmio, e a LDU derrotou o Fluminense. Ao invés de procurar vilões, os times brasileiros que chegam às decisões precisam encontrar maneiras de serem mais controlados e efetivos nos jogos finais.


O Estudiantes não é um time vilão. É uma equipe tradicional, que fez ótima campanha e, merecidamente, conquistou o tetra campeonato da Copa Libertadores da América. Ou seja, ganhou mais vezes que qualquer time bonzinho do Brasil-sil-sil.

Crédito da foto: Reuters

domingo, 12 de julho de 2009

A alma lavada do Galo


Neste Domingo o Atlético-MG conquistou uma vitória que precisava muito. Muito mesmo. Não por estar mal na tabela, pelo contrário. O time, aliás, assumiu a liderança do Campeonato Brasileiro com 21 pontos. É que com a vitória por 3 a zero sobre o Cruzeiro, a equipe quebrou um jejum incômodo, de 12 jogos sem vencer o eterno rival.

Tudo bem que o Cruzeiro jogou com o time reserva. Pouco importa. Depois de ser goleado em duas finais de campeonato mineiro pela raposa, o galo precisava lavar a alma. E fez isso com estilo.

Vitória por 3 a zero, demonstrando superioridade durante toda a partida, a retomada da liderança do Brasileirão e a quebra do jejum de triunfos contra o rival. Além disso, ainda evitou que o Cruzeiro igualasse a sua marca histórica de 13 jogos sem vitória no clássico. Depois de 10 derrotas e dois empates contra a raposa, o Atlético precisava dessa vitória. E daí que foi contra os reservas? E daí que o cruzeirense Zé Carlos foi expulso aos 12 segundos do primeiro tempo (recorde da história do campeonato) por cotovelada em Renan? O galo precisava vencer. Venceu e convenceu.

O Atlético vive um momento importante. Time de imensa tradição, faz tempo que não tem campanha de time grande em campeonatos nacionais. A última vez foi em 1999, quando chegou à final do Campeonato Brasileiro, contra o Corinthians. E mesmo no âmbito estadual, vinha sendo humilhado pelo grande rival, o Cruzeiro. Agora, o Atlético mostra um ótimo começo. Mas depois de tanto tempo, um começo não basta. O galo precisa mostrar que ainda tem camisa que o credencie a disputar as primeiras posições da tabela. O trabalho de Celso Roth e seu elenco será duro. Mas, pelo menos, as costas estão um pouco mais leves. A alma foi lavada.


Crédito da imagem: Agência Estado

O melhor brasileiro é Felipe Massa


Rubens Barrichello tem mais experiência e, nesta temporada, um carro bem melhor. No entanto, Felipe Massa é o melhor piloto brasileiro da Fórmula 1.

Mesmo com carro instável e imprevisível, Massa tem feito corridas em que mostra braço, agressividade e controle, além de uma clara evolução de sua pilotagem dos últimos anos para cá. Verdade que ele ainda não venceu em 2009, mas não fossem algumas trapalhadas da Ferrari ao longo deste campeonato, poderia ter conquistado resultados melhores.

Com o carro que a Ferrari desenvolveu para 2009, e com a bela temporada de Brawn e RBR, é impossível ver Felipe disputando o título desse ano. Na verdade, é improvável que ele vença corridas por enquanto. Mas quem têm prestado atenção em suas corridas, percebe que apostar em sua qualidade é uma boa aposta. Tanto que sua equipe provavelmente continuará pagando os altos salários de seu companheiro Kimi Raikkonen sem que ele corra, para manter Felipe ao lado de Fernando Alonso, que deve ser anunciado para 2010.

Na corrida deste domingo, na Alemanha, Felipe mostrou, mais uma vez, sua competência. Largou em oitavo, logo na largada pulou para quarto, e terminou em terceiro. Isso com mais uma trapalhada de sua escuderia, que cometeu erros em seu segundo pit stop. Tinha chances de terminar em segundo.

O vencedor da corrida foi o australiano Mark Weber, seguido por seu companheiro de RBR Sebastian Vettel. Rubens Barrichello, que largou em segundo e liderou grande parte da corrida. Chegou apenas em sexto. É verdade que a Brawn não o ajudou nada nesta etapa. Uma falha na mangueira de reabastecimento o jogou para trás na disputa. Ao final da corrida, Rubinho ainda reclamou que precisou ceder a quinta posição para seu companheiro, Jenson Button, atual líder da competição. Acontece que Rubinho vem reclamando da equipe desde o início da temporada. Reclamações que não procedem. A verdade é que ele tem o melhor carro do grid, ainda não conseguiu vencer e está cada vez mais longe de seu companheiro no campeonato de pilotos.

Estes fatos deixam cada vez mais clara a maior competitividade de Felipe Massa, em relação ao seu compatriota. Barrichello não pode ser motivo de chacotas, como alguns jornalistas adoram fazer com ele. Trata-se de um piloto experiente, ótimo acertador de carros, com grande técnica e muito respeitado no circo da Fórmula 1. Mas não é difícil imaginar que, se Massa estivesse na Brawn esse ano, o Brasil teria um pouco mais de chances de ter um campeão mundial.

domingo, 5 de julho de 2009

Vitória épica de significado épico


Já faz algum tempo que as vitórias de Roger Federer apresentam algum significado histórico. Aliados ao seu jogo quase perfeito, seus resultados o impulsionavam para cada vez mais perto da alcunha de maior jogador de todos os tempos. Hoje, em Winbledon, ele tornou-se, simplesmente, o maior vencedor de grand slans da história. Com seu 15° título ele superou os 14 do grande Pete Sampras, que foi derrotado por Federer na final de Winbledon, em 2001. De quebra ele recuperou a primeira posição no ranking mundial, superando Rafael Nadal que, lesionado, só pode assistir.

Mas uma conquista tão significativa não poderia ser tão simples, mesmo para Roger Federer. A final contra o americano Andy Roddick foi épica. Três sets a dois com 16 a 14 no quinto set. O suíço conseguiu apenas uma quebra de serviço durante toda a partida, exatamente no set derradeiro. Contra Roddick, um exímio sacador, Federer demonstrou calma, técnica e estratégia precisa para vencer dois tie breks.

Sobre Roddick, é importante reconhecer sua evolução nesta temporada. Por muito tempo ele foi conhecido como um jogador que tinha no seu saque seu único trunfo. Mas Roddick fez um Winbledon impecável, mostrando qualidade para defender-se, uma variedade maior de golpes e mais paciência para definir os pontos. Paciência, aliás, era algo que faltava ao americano. No entanto, contra um Federer determinado a virar história viva, Roddick seguiu sua sina de freguês do suíço. Agora são 19 vitórias de Roger contra duas de Andy.

Federer agora soma seis títulos de Winbledon, três da Austrália, cinco US Open e um Roland Garros. Ele atingiu seus feitos mais rápido e mais jovem que Sampras, o que é um indicativo de que mais ainda pode estar por vir. Nadal, quando estiver recuperado, com certeza voltará a incomodar, mas nada tirará de Federer suas vitórias de siginificados épicos.